domingo, 22 de maio de 2011

A ponte

Vejo a ponte de novo, ergue-se lentamente, não me deixa avançar, obriga-me a parar e a pensar mas a teimosia prevalece, insisto e sigo o caminho.
A ponte ficou para trás, olho-te...é um aviso, tento não pensar em nada, quero apenas trilhar caminho, é um pouco sinuoso, não como desejaria, na verdade tem sido pior do que imaginava...

Que faço aqui afinal?, pergunto-me enquanto as escovas se mexem aceleradamente para que eu veja o que não quero ver, melhor o que estupidamente me recuso a ver.
Continuo pela estrada e agora não sei bem onde estou mas isso não é importante, tenho de sair deste labirinto, desta encruzilhada em que está a minha cabeça.
Resolvo estacionar o carro, no único lugar que encontro vazio...penso que há muito tempo não me sentia tão bem só. Felizmente que posso ouvir e ver o mar, aqui estou tranquila, quero sair mas chuva é tão forte...quero lá saber! Molho-me, não importa o quero é sentir que estou viva e perdoar-me e perdoar-te e viver e esquecer e não me atropelar, nem atropelar ninguém.
E de novo a imagem da ponte!!!
Estás presente na minha cabeça porquê?
Caramba, estavas para cima, é sinal que não te devia passar, se estivesses para baixo serias apenas uma passagem para a outra margem, estou a ler bem? Estou a perceber bem??
Não sei, nem interessa, estou encharcada, os cabelos escorrem, a roupa está colada ao meu corpo frio, que bom!
É bom sentir, seja o que for e eu sinto e sinto que estou viva mesmo que a ponte esteja entre nós.

Perco-te

Perco-te a cada dia
perco-te
em cada olhar
em cada sorriso
que te lanço
perco-te em cada palavra
em cada gesto
perco-te nos meus sonhos
perco-te na minha sombra
que escurece e desaparece
na noite negra

toco-te, sinto-te
apenas com o olhar
e perco-te
Se me fosse possível, neste momento partia sem destino e se me perguntarem, respondo que sim que quero fugir, fugir do que não sou e que quero ser mas que não consigo porque afinal não sou tanto assim como na verdade pensava que era.

E sim fujo também porque não me apetece viver neste momento o tormento em que sinto que estou a transformar a minha vida, porque sei que não fui talhada para enfrentar estas estórias...
Mas sei que amanhã é outro dia e vou gritar bem alto que não haverá outro local em todo o planeta em que eu possa ser mais feliz.

E sim, evito ver os sinais porque tem sido mais fácil para fazer o que me apetece sem pensar e ser inconsciente ao ponto de nem saber o que sinto.

E sim, fujo para dentro de mim, enrosco-me como um caracol para que não me sinta tentada a chamar-me de egoísta

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Amor

Cada vez percebo menos esta palavra, queremos Amor e não sabemos vivê-lo misturamos e confundimos Amor, Sexo e Prazer ou será tudo uma única coisa? Queremos separar o que obrigatoriamente anda de mãos dadas.
Neste vai e vem de sentimentos, de sensações, de confusões sinto que o Amor é uma montanha russa; aperta o estômago mas a adrenalina é tanta que não recuamos, vamos em frente e quando damos conta estamos de pernas para o ar.

A montanha russa enjoa mas apetece...estranha-se e entranha-se, avança-se e recua-se.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Algures no Caminho

Afasto o caminho

Que me podia levar a ti

Transgrido facilmente

Assusto-me, retraio-me

Perco-me em sonhos

Enfrentando a realidade

Subestimo-te

Não te entendo não me entendo

Vou sem saber para onde

Vou sem te procurar

Vou porque te encontro

Aí algures no caminho

Que tento afastar de mim

Não Posso

Não posso querer

Não posso desejar

Não posso esperar

Mas posso sonhar

Não posso falar

Nem tão pouco segredar

Sinto em silêncio

Não te posso

Libertar

Liberto o desejo de te desejar

Liberto a minha necessidade de ti

Liberto em mim a falta do teu corpo

Libertar

Para viver, para respirar, para sentir

Para não desejar

Para não te querer

Para me sentir livre na prisão espiritual

Libertar – me para não me render

Libertar

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Acho que vou sendo amaldiçoada por quem se aproxima e eu afasto mas sou abençoada com muito mais frequência por tudo o que me rodeia.

Que significo para ti?

Pois... não sei responder.
Eu gosto de conversar e de olhar nos olhos e sentir que te tenho mas não tenho e perceber que afinal no fim do dia eu vou para a minha casa e tu para a tua.
E ter o lado bom da vida contigo porque o outro lado não obrigada! Sim, talvez seja egoísmo e /ou falta de responsabilidade mas será este um direito exclusivo dos Homens?

Não me perguntes o que és, o que foste ou o que serás...
Estar é bom, sem exigências, sem compromissos, sem pedidos.

Troca por miúdos...

O quê? Que afinal não te quero?! Que é melhor assim porque não quero ter um relacionamento? Pois é, agora percebo, afasto sim, quem se aproxima. Pensava que queria mas não quero.

E quando estiveres doente, quem vai estar ao teu lado?

Não sei, talvez os filhos, a família, os amigos.
Mas também já é costume, estou habituada a resolver tudo sózinha.

Até um dia, Cristina, até um dia.
Até um dia que vais querer e descobres que afinal não tens ninguém.

Não te preocupes, a solidão nunca me assustou, assusta-me a sensação de prisão