domingo, 28 de fevereiro de 2010

Carta a um Pai

Querido Pai,
Sinto a tua falta,
A tua ausência é-me dolorosa
Afastas-te, perdeste no tempo a alegria que outrora conheci
Não me lembro dos teus abraços, há tanto que deixaste de o fazer…
Contudo, lembro-me do teu olhar, do teu sorriso
Sei que jamais to direi...
Amo-te!
Sinto a tua falta! Preciso de Ti!
Beijos da tua única filha

Aldeia

Naquela pequena aldeia
Aprendi a brincar na rua descalça
Trepei a árvores, tomei banho em tanques
Aprendi a conhecer os toques do sino da Igreja
Aprendi o que era a família
Aprendi o que era a Amizade
Aprendi a conhecer o cheiro do pão acabado de fazer,
Do cheiro das chouriças , das morcelas, do requeijão,
Dos biscoitos da minha tia, das batatas em ovo da minha avó, da marmelada que me aguardava em tigelas que pairavam sobre a minha cabeça
De correr, de saltar, de comer fruta das árvores, de tirar à socapa as uvas da minha prima
De sentir o cheiro da terra molhada, de sentir o cheiro acolhedor de uma lareira
De sentir o frio no meu corpo e o calor das noites de Verão
Ai aquelas noites!
As noites de Verão em que ríamos e conversávamos pela noite dentro
Em que chegavam os amigos que só se encontravam nas férias
Em que corríamos as festas das aldeias
Em que fizémos juras de Amizade.
A Aldeia lá continua…mas muitos se esqueceram
De que um dia foram crianças naquela linda aldeia.
És tu minha menina…Chãs de Tavares!

O silêncio

Gosto de chegar a casa e sentir o silêncio
Deixar o meu corpo descontrair neste canto tranquilo
Permitir ao meu Eu, libertar-se e ouvir-me
Não tenho medo de me ouvir no silêncio
Não tenho medo do silêncio que existe na minha Vida
Apenas me assusto com a incapacidade de não mantermos o silêncio
Porque é que tem sempre que haver um ruído?
O que é que perturba tanto no ser Humano, o silêncio?
Ou a incapacidade de estarem consigo mesmos?
Eu peço para que não me quebrem o meu silêncio
Deixem-me no silêncio, nesse precioso momento em que me alheio do mundo e respiro a vida!

Não é solidão

Sentir prazer em estar só, não é solidão
Respirar a tranquilidade do nosso lar depois de um dia de trabalho não é solidão
Permanecer imóvel, serena à luz de uma vela, não é solidão
É sim ser capaz de viver comigo mesma
É aproveitar os momentos que tenho para viver comigo
É ser capaz de dizer não aos outros e dizer sim a mim
Não é solidão, esticar-me no sofá com a lareira acesa e fumar um cigarro
Mas é saber aproveitar os momentos que a vida me proporciona.


Não te deixes engolir pela palavra solidão, ela existe quase sempre na nossa cabeça
Porque a alimentamos porque damos espaço a que ela cresça e acabamos por acreditar que é solidão que sentimos.
Não é solidão poder tomar um banho de imersão sem sermos interrompidos
É prazer!
Aproveite todos os bons momentos que consegue ter sózinha, já que eles são tão raros…
(falando de mim)

Ela: O cabelo mais curto fica-te bem
Eu: Tenho saudades do meu cabelo comprido
Ela1: Eu também acho que te ficava melhor
Ela: Ai, não acho nada! Devias dar um jeito na cor, para ter mais brilho
Ela1: Concordo, devias ter mais cuidado com o teu cabelo
Eu: Desculpem mas eu não dou jeito nenhum na cor porque eu não pinto o cabelo
Ambas: O quê???
Eu. Sim, sim, não pinto o cabelo
Ela: Estás a brincar!
Ela1: Essa é a tua cor natural?
Eu: É.
Ela: E não tens cabelos brancos???
Eu: Tenho alguns mas acho o máximo!
Ela1: Eu não vejo os teus cabelos brancos mas se os tens devias pintar, dá um ar desleixado.
Eu: Gosto exactamente do meu cabelo como é.
Ela: Tenho inveja, eu estou cheia de brancos. E se os tens não vejo nada!!! Como é que consegues?

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O sonho

Acordei sobressaltada, no meu sonho
Duas crianças abraçam-se ternamente
Tentando colmatar as saudades de anos de ausência…
Estranho este sonho…
Já não somos mais crianças,
Já não temos estes rostos
Já não temos esta inocência
E no entanto foi assim que contigo sonhei
Mas acordei sobressaltada
Como se algo me impedisse de sonhar contigo
Desta forma… porquê?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Olhos castanhos, tanta segurança que transmitem
Os olhos, as palavras, o tom de voz, a expressão
Mas quando a noite cai e passa a ser ela própria
Cai o pano…perde a força
Deixa-se escorregar suavemente na sua cama
E espera que a noite a embale
Que lhe devolva a força e a esperança
Os olhos fecham-se docemente, adormece.

O Amor

Hoje ouvi falar em Amor.
Não comigo.
Alguém que gosta de alguém.
Alguém que está disposto a fazer tudo por esse Amor.
Alguém que está disposto a mudar a sua vida, os seus hábitos e até o local onde vive.
Tudo isto continua a acontecer, felizmente!
Sem dúvida que o Amor move o Universo.
Sejam felizes!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Na rua

                                                                 Fotografia de Paulo Leite http://pauloleitephotografy.blogspot.com/
Na rua perdida procura em vão um olhar que lhe recorde o momento em que se esqueceu de si.
Alheios aos outros, cavalgamos passeios abruptamente, empurramos, desviamo-nos de um toque no braço ou do encosto de um ombro.
Desiludida, sentindo-se abandonada, percorre a pé a cidade que um dia a amou que um dia a fez feliz. Percorre caminhos, descalça, de olhos vendados, sente o cheiro seco, húmido que reconhece das ruas onde cresceu, onde um dia acreditou que nada era impossível.
Procura um olhar que lhe devolva a alegria que perdeu.
Procura um olhar perdido como o seu.
Procura na multidão, que lentamente se refugia, um beijo doce.
Um beijo de esperança, um beijo de vida.

Reencontro...

Ele: Como estás? Passaram-se tantos anos…
Eu: Estou bem, já não nos víamos há…
Ele: Deixa, é melhor nem pensar nisso, agora vives tão longe…
Eu: A minha vida é lá.
Ele: Porque é que me deixaste ir?
Eu: Queres falar sobre isso?
Ele: É que…nunca percebi…não disseste nada, não lutaste…nada! Acho que não gostavas mesmo de mim.
Eu: Enganas-te. Gostava muito mas tu não querias mais. Não te podia exigir nada. É assim que vejo o Amor, a Amizade, não gosto de me sentir a mais, quando acho que é o momento retiro-me estrategicamente.
Ele: Quando se gosta luta-se.
Eu: Não concordo, o Amor é o oposto à guerra, as pessoas só têm que estar juntas enquanto ambas querem. Amar é, deixar partir quando um dos dois já não quer mais.
Ele: Se fosse hoje…
Eu: Não te arrependas, a Vida é feita de aprendizagens.
Ele: Bolas, não mudaste nada!
Eu: (risos) mudei muito!!!
Sai docemente um suspiro seco e amargo.
Na frente dos seus olhos tem o mundo que a aprisiona, o seu mundo, o mundo que criou para si, aquele que achou ser o mais seguro, aquele que não a assustava.
Mas com o tempo essa segurança deixa de existir.
Solta no sorriso e no olhar permite que o vento lhe toque, permite-se ouvir a tempestade que teimosamente insiste que ouça a sua voz interior.
Está na hora de acordar, a vida não pára, os sonhos existem para que se tornem realidade.
Chegou o momento de despertar…
Sai docemente um sorriso dos seus lábios…
Gosto da noite para escrever como se fosse mais leve eliminar os pensamentos. Ao escrever deixam de ser meus, passam a ser de quem os lê, perdem a força que tinham dentro de mim e aumento a minha energia.
Não me quero perder em pensamentos que me angustiam ou me tentam deprimir, quero sim afastá-los.
Arrebata-me constantemente o mesmo pensamento; que significado temos para quem nos rodeia? Que diferença faz ou não a nossa existência? A vida é meramente um jogo de interesses? Aproximamo-nos e afastamo-nos das pessoas quando necessitamos desesperadamente? Seremos apenas seres egoístas? Queremos estar bem, tentamos estar bem. E os outros serão importantes? Será que alguém pára para pensar? Será que reflectimos de que as palavras perdem totalmente a força perante os nossos actos?
Foi mais um desabafo…
Boa noite

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A visita

Vieste-me visitar
Que bem que me soube a tua companhia
Que bem que me soube o teu sorriso terno
Que bem que me soube o teu olhar maternal
Que bem que me soube ouvir as tuas palavras de carinho, de conforto, de ternura
Que bem que me soube o teu gesto de despedida
Até já…

Abraço

Hoje recebi um abraço,
Um abraço solto, livre, inteiro, completo, cheio.
O abraço que todos desejamos
Aquele que é sincero, ingénuo, puro
Aquele que sentimos como inteiramente nosso
Hoje recebi um abraço…

Tempo

O tempo passa como se não desse conta da sua importância…
Corre atrás da vida,
de um momento perdido que não volta
Afasta-se de mim
mas preciso do tempo para não perder tempo
Este é o tempo que criamos
como se tudo terminasse hoje mas falta um Tempo,
o mais importante de todos,
o tempo para estar com quem nos faz bem,
o tempo para rir,
o tempo para conversar.


O tempo tão precioso mas que aparentemente poucos precisam dele.


Este tempo é agora de silêncio,
é o meu tempo,
o tempo que tenho para mim e não para os outros.


O tempo silencioso…
Quando fazemos uma pergunta, esperamos uma resposta.
Quando enviamos uma mensagem,
um email,
o que quer que seja,
é normal que se responda ou não?
Tenho sempre dúvidas quanto a esta questão e fico a pensar, para mim; só vejo duas hipóteses; ou as pessoas são mal-educadas ou não despertamos o mínimo de respeito na outra pessoa para que nos responda.

Sem dúvida que por vezes estamos a trabalhar e não nos é possível responder logo mas quando passam dias, semanas, algo não está bem.
Será que devo começar a ter a mesma atitude? É uma questão a ponderar.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Trate de si como gostaria que um amante a tratasse" Louise Hay

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tenho em mim a imagem nítida
da dor, do sofrimento, da tristeza.

Aguento, sei que vou conseguir…
Não deixarei que me condiciones mais.


Vejo o sorriso nos olhos de uma criança que belo! Que pureza que ingenuidade.
Como é bom ser criança! Rir, correr, saltar, pular.
Lembro-me de mim.


Cá dentro ainda habita uma criança e deixo-me levar por ela…
salto, corro, pulo, dou gargalhadas sentidas!
Estou bem. Afasto o medo.
Tenho força, tenho garra.
Percorro o meu passado,
arrumo lentamente cada gaveta,
é preciso senti-lo… é preciso aceitá-lo
e agora avançarei
à medida que fecho as gavetas do meu armário.
Dei mais um passo...
Durante algum tempo escrevi com um nome que não era meu. Precisava de tempo e coragem para admitir que sou eu que escrevo, por medo, vergonha, por não querer que me julgassem.
Sei que não escrevo bem mas não é esse o objectivo.
O que tento é simplificar ou complicar o que ouço, o que vejo, o que sinto, o que me transmitem.
Sim, sou eu que estou aqui.
Bom Carnaval, para quem goste.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Todos precisamos de ter alguém com quem conversar, passear, namorar…mas o que pode isto implicar? Tenho muitas dúvidas quanto a esta questão.
Observo à minha volta a instabilidade emocional em que a maioria das pessoas vive, mesmo quando o negam essa instabilidade reflecte-se em actos, palavras e atitudes, quando tentamos alertar alguém para essa situação há uma recusa imediata porque não se quer ver.
Parece-me que poucas pessoas têm o seu passado resolvido. Resolvam-no como adultos que são. Egoísmo? Talvez…Mas também não me parece justo passar a vida a servir de muleta.
Cada vez mais, gosto menos da frase “Gosto de Ti”.
Disseram-me que estou fria, talvez …
Quando o divórcio acontece, é porque algo não está bem…todos sabemos isso.
Apesar de nada ter contra faz-me alguma confusão que se salte de um relacionamento para outro sem se fazer um “período de luto”, a meu ver este tempo é importante para percebermos o que não funcionou e mais do que atirar as culpas para o outro é entendermos onde errámos. Ao saltarmos, não nos damos tempo de pensar e transpomos para o novo relacionamento todos os fantasmas do anterior, para além de que sobrecarregamos o outro com uma carga muito pesada do nosso passado. Não sei se preferimos não pensar e avançar rapidamente para outra situação esperando que a nova pessoa nos solucione todos os medos e fantasmas.
A mim parece-me que tudo isto não passa de um egoísmo muito grande.
Este é um pensamento de alguém que ultimamente tem ouvido muitas histórias de relacionamentos que não estão bem.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tive um sonho…

Neste sonho a vida é bem diferente, os pais trabalham, vão buscar os filhos à escola, dão um passeio pelo jardim. Ao chegar a casa partilham as tarefas. Os lares são bem mais pequenos, não há um quarto com casa de banho para cada um. Partilham-se os espaços, conversa-se. Só há uma televisão na sala para todos os membros da família, as crianças não estão fechadas nos quartos a jogar computador, playstation, Nintendo…estão na sala e todos brincam e riem.
Neste sonho as pessoas têm tempo para conversar e tomar um café, têm tempo para não fazer nada.
Neste sonho ninguém quer ter 50 pares de sapatos e carteiras, ninguém quer ter 3 carros, motas, um barco e o último modelo do telemóvel.
Neste sonho não havia pessoas dependentes de bens materiais, havia dependentes de relações humanas.
Neste sonho não havia depressões, nem esgotamentos, nem modelos anorécticos. Neste sonho havia vida e não robots, neste sonho as pessoas tinham tempo para pensar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Levanto o véu levemente,
Sinto a brisa que passa
Deixo que o ar me invada e me dificulte a respiração.
Tento lutar, tenho que lutar
Por favor. Deixa-me Viver!
Ela: Tu é que tens sorte.
Eu: Porquê?
Ela: Não tens que aturar nenhum homem, nem passar a ferro, nem cozinhar.
Eu: Não é verdade. Tenho que fazer tudo isso.
Ela: Pois mas não tens quem te chateie a cabeça ao fim do dia.
Eu: Um marido não é para chatear a cabeça.
Ela: Nesta altura do campeonato é só o que faz, não te voltes a casar.
Eu: Não tinha pensado nisso.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Amigos

Há uns tempos atrás coloquei um poema de Vinícios de Morais que se intitula "Amigos". Não vou colocá-lo novamente mas sinto necessidade de falar nele. Este fim de semana foi o reencontro de Amigos, desloquei-me a Lisboa para "matar" Saudades daqueles com quem cresci, daqueles que me acompanharam pela vida fora, nem sempre como desejamos. Mas a semente da Amizade não morre, às vezes está adormecida. Hoje apesar de me encontrar muito distante deles, sei que a minha Vida seria insuportável sem eles!
Viva a Amizade. Estou muito feliz!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Este é o espaço mais acolhedor e aconchegante do mundo, aqui sinto-me grande, solta, leve, feliz, criança, protegida. Sou Eu, no meu pequeno e doce lar encantado por dois pequenos príncipes que dormem profundamente. Sonhos Encantados...
Alguém me disse que os outros não nos podem desiludir, nós é que nos iludimos com os outros.
Tinha que deitar mais esta cá para fora.
Estou mais leve, posso descansar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Hoje recebi um email de um familiar que me agradou bastante, transcrevo uma pequena parte: "nao te deixes envolver nem ficar demasiado dependente deste "mundo"....tenho receio que fiques fechada...e o mundo real...nao é o da NET é o do contacto com o ser humano, com o nosso trabalho, familia e afins...". Devido ao cansaço acumulado por diferentes motivos, vou-me deitar, agora que são 10.30h, boa noite.
Um dia destes liguei a televisão, coisa rara, estava a dar um filme qualquer do qual retive esta frase: “ O Amor não é um sentimento, é uma capacidade”.
São 2 da manhã...boa noite.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O dia chegou ao fim...
o silêncio já é de ouro.
Gosto que o silêncio me envolva
nos seus braços e me embale.
Sinto que o meu corpo é invadido
por uma suave brisa de esperança
que alimenta os meus sonhos
que alimenta a minha vida.
Boa noite, vou descansar.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Há dias que estamos mais disponíveis, o sol apesar do frio, brilha cheio de alegria, gosto do sol, do calor da luz. Talvez por isso estou mais leve e fui abordada por duas amigas que precisavam de falar.
Não é minha a tristeza, é delas mas fico sempre um pouco assim quando me apercebo do mal-estar das pessoas que me rodeiam.
Sentem-se sós, precisam de carinho, de conversar, de estar com alguém. Que se passa? Cada vez mais isoladas, afastamo-nos do mundo real, fechamo-nos em casa e vêm as depressões.
Todos procuram o mesmo, ninguém, verdadeiramente, quer estar só.
Preocupa-me a forma como me dizem isto, o olhar perde o brilho, entre lágrimas pronunciam palavras soltas e quase inaudíveis porque admitir que se está só que não há ninguém para partilhar um ombro, uma conversa, um abraço…é angustiante.
Hoje senti essa angústia não só na voz como também nos gestos, na forma como tentavam explicar o que lhes vai na alma.
O Sol que há pouco brilhava perdeu um pouco essa alegria…